Com a esmagadora derrota nas câmaras de vereadores e nas prefeituras do Brasil afora, o Partido dos Trabalhadores está acabado. Já pensam, em suas entranhas, em mudar o símbolo e o nome do PT[1], o que é um cenário idílico, se não fosse por um motivo: para onde irão esses políticos e militantes do PT? Podem apostar, eles não irão tomar “vergonha na cara” e deixar as carreiras políticas para abrirem lojas de R$ 1,99. Irão migrar para outros partidos, para outras praias.
Há vários lugares onde o PT pode alojar seus asseclas. Com o nome do partido sujo, praticamente morto, não há chances de a esquerda se erguer com a bandeira vermelha do PT. Firmar-se em um partido só seria um suicídio político para as esquerdas fortes do país; suas verbas (vulgo: propina, peculato, extorsão, subornos, etc.) seriam minadas, seus recursos públicos – destinados a fazer desta nação um tubo de ensaio progressista – cortados, e seus discursos achincalhados e ridicularizados pela opinião pública. Apenas o boçal universitário teria alguma consideração pelo partidão, mas, por vergonha, eles acabariam expressando seus apoios dentro de seus nichos. Posto isso, a esquerda, infelizmente, não é burra.
Qual é o partido mais afinado com o PT? Que partido veio dele, de suas entranhas ideológicas, sempre prestando um apoio incondicional às propostas e às situações políticas do PT? É para esse partido (com ares de “incorrupto”, limpo, legal, amante das árvores e dos animais, defensor da moralidade e da ética, da igualdade, liberdade e [in]sanidade) que todos os adeptos, guerreiros e sacerdotes do PT irão. O PSOL vai inchar muito, nesses anos vindouros.
Em uma matéria do site O Dia, lemos o seguinte:
Psol se consolida na esquerda
A expressiva colocação da legenda do Psol, que aparece em quinto entre os mais citados pelos eleitores na pesquisa do IBPS, também chamou a atenção do presidente do instituto, Geraldo Tadeu. O candidato mais votado deverá ser Tarcísio Motta.
“É um indicativo de que a hegemonia da esquerda está mudando. E não é apenas no Rio. Em várias capitais, o Psol está mais competitivo que o PT. Estávamos acostumados a ver o voto de legenda, que é o voto ideológico, no PT. Mas isto está mudando”, aponta.
Segundo a pesquisa do IBPS, o PT deverá eleger apenas três vereadores, mesmo número de sua atual bancada, formada por Edson Zanata, Elton Babú e Reimont[2].
É o cenário (hipotético, no momento em que foi escrito) da cidade do Rio de Janeiro, mas também de grande parte do país. Não é por acaso que o PSOL tenha crescido no Brasil, uma vez que, mesmo ainda tendo um resultado pequeno nas eleições se comparado aos outros, um dos maiores partidos da nação está definhando.
O PSOL tem tudo o que o PT tinha décadas atrás, antes de Lula ser eleito: um discurso ético áspero, uma militância ativa, um ativismo ideológico forte e, claro, pouco espaço político além do nome crescente. Nada mais atrativo para um seguidor do PT. Ainda chegará o dia em que os dissidentes atuais do Partido dos Trabalhadores reconhecerão seus erros, mas não o de suas ideologias: colocarão culpa no individualismo e no neoliberalismo para a queda do PT, se voltarão para outro partido salvador e prestarão seus serviços, crenças e fidelidades a ele. Se a coisa está ruim… é porque ninguém votou no PSOL!
Seria hilário se não fosse doentio, pois, ninguém das esquerdas está notando que os trilhos do PSOL são os mesmíssimos trilhos do PT. Pela lógica básica e simples, o que concluímos? Que ele irá para o mesmo caminho controlador e corrupto do PT. Basta olhar para as pautas sociais do PSOL para perceber que tal partido depende do controle extremo e imoderado para exercer efetivamente suas propostas. Não se lembram das proposições de Luciana Genro na época da eleição? Ela queria controlar quanto uma pessoa rica poderia ganhar, quanto ela deveria pagar de impostos extras por ser rica. Nada melhor para desestimular uma economia do que dizer: “Hey, amigo, se você for rico, lembre-se, vai ter que pagar mais que os outros e por motivo nenhum!”.
Se mirarmos mais e mais no PSOL, não conseguirão crescer muito. O fluxo de um partido grande para um menor tem data de validade, limites e contornos. A maioria da população desdenha ou desconhece das propostas psolistas, porém, assim também o era com o PT da década de 1990.
Vamos deixar outro Lula crescer? É melhor não.
[1] http://noticias.band.uol.com.br/brasil/noticia/100000825884/pt-amadurece-decisao-de-mudar-nome-e-sigla.html
[2] http://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2016-09-25/camara-de-vereadores-nao-deve-ter-grandes-mudancas-apos-eleicoes.html